sábado, 15 de setembro de 2007

À FLOR DA PELE - Wileide Ferraz Ramalho Oliveira (mamãe)

Ando tão à flor da pele que até um vento na minha janela me faz doer.
Ando tão à flor da pele que até o ruído do silêncio dá combate no meu ser.
Ando tão à flor da pele que até o cheiro do ar que adentra pelas minhas narinas me faz rodopiar, sem prumo, sem rumo, sem novela pra chorar.
Então, me pergunto: por quê?
Será se fui afetada pelo lirismo dos poetas? Ou será se o mal- do- século XIX ressuscitou? Com toda a sua angústia, sua dor e seu desencanto com um mundo moderno, perdido sem educação, sem saúde, sem valor?
Fico triste quando vejo o meu latim sendo pregado no vácuo. A quem interessaria ouvir as paronomásias, as metáforas, as assonâncias, as sintaxes, as morfologias, as pragmáticas, e outros, se são tantos pés no chão, pornografias desveladas, gritos de desgraças e de revoltas pelo o ambiente, sopas pelo chão, concorrências com os celulares e até estilete na mão? Como educar um povo sem nada nas mãos?
O que era orgulho para a sociedade se tornou um peso, uma preocupação e um perigo estar numa escola pública hoje. Só quem vive essa realidade pode se revelar. Outro dia, tomei três pedras grandes de um aluno que já estava preparado para acertar o colega. Sem contar que quase levei uma queda quando esbarrei nos pratos de sopa espalhados pelo chão.
Infelizmente, educar hoje é tirar leite de pedra.
Você puxa, puxa, estica e a aula não evolui, não rende. O que se vê é a apatia, o descaso e o desânimo de um povo sem sonhos, sem lutas, sem causas.
Professores cada vez mais doentes, depressivos e desanimados com a sua profissão. Então eu pergunto: O que será do Magistério? Entrará em extinção? Faça um pequeno teste. Pergunte ao seu filho, ou algum parente se ele quer ser professor e veja se eu estou exagerando, e se não tenho razão de estar à for da pele.

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